As Olimpíadas pareceriam com a Fórmula 1. Ponha no lugar das equipes os fabricantes das drogas esportivas. Em vez do carro, o atleta.
Troque o chassi pelas roupas e até tatuagens do “superatleta” olímpico. Imagine esse cenário na Olimpíada de 2012 – quem sabe no Rio de Janeiro? A indústria do doping, que hoje movimenta por baixo dos panos 100 milhões de dólares por ano, iria se desenvolver tanto que a maior disputa seria entre os fornecedores de drogas esportivas. A competição entre nações estaria em segundo plano.
E a carreira dos atletas seria muito mais curta. Segundo Lauter Nogueira, diretor técnico da Confederação Brasileira de Triathlon, a liberação levaria ao modelo do “atleta rotativo”. Ele passaria quatro anos – o intervalo entre uma Olimpíada e outra – sendo preparado pelos laboratórios até chegar ao ponto ideal. Depois viriam os efeitos colaterais, até a inevitável substituição do atleta por outro novinho em folha. Ao fim da curta carreira, o esportista iria para uma espécie de “retiro dos atletas”, dependente de estimulantes e com o queixo e os dedos maiores que o normal, por causa do hormônio do crescimento (HGH). Órgãos vitais como o coração e o fígado estariam comprometidos.
O doping poderia encurtar a vida de um maratonista ou ciclista. A droga mais usada atualmente nesses esportes é a eritropoetina (EPO), que aumenta a quantidade de glóbulos vermelhos no sangue. Como eles transportam o oxigênio no corpo, a resistência melhora muito. Em alguns países, a temperatura durante as provas varia entre 36 e 42 graus, o que eleva ainda mais a densidade sanguínea. Esses dois fatores combinados causariam derrames ou tromboses antes de o atleta cruzar a linha de chegada.
As ONGs antidoping não iriam gostar disso. E a discussão chegaria à ONU. De um lado, as equipes farmacêuticas dizendo que o doping gera milhares de empregos, e de outro médicos e as ONGs argumentando que o doping desumaniza a Olimpíada.
Em alguns esportes, a potência do atleta seria tão grande que certas regras teriam de ser alteradas. No arremesso de dardo, a empunhadura mudaria para que o instrumento não atingisse algum corredor ou o placar do estádio. A rede de vôlei ficaria mais alta e a bola mais pesada.
Seria comum ver homens com seios ou mulheres peludas, de barba e bigode competindo, pois o uso de anabolizantes – derivados da testosterona – provoca esses efeitos colaterais nos atletas. Elas apelariam à gilete antes das provas e eles teriam de usar um novo vestuário olímpico: o top masculino com o nome do patrocinador.
POXA, SERIA UMA LOUCURA SÓ...
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